O Catecismo de Heidelberg é o segundo dos padrões doutrinários da Igreja Reformada e originou-se no ano de 1563 na cidade de Heidelberg (daí seu nome), capital do eleitorado alemão do Palatinado. O príncipe eleitor Frederico III, que se tornou calvinista em 1560, encarregou Zacarias Ursinus (professor da faculdade de teologia de Heidelberg) e Caspar Olevianus, pregador da corte, de prepararem um manual de instrução doutrinária para consolidar a fé reformada em seus domínios. O novo catecismo foi aprovado e publicado em 1563. O sucesso foi imediato e em sua terceira edição as perguntas e respostas foram agrupadas em 52 Dias do Senhor, de modo que seu conteúdo pudesse ser estudado ao longo de um ano.
O meu único conforto é que – corpo e alma, na vida e na morte1 – não pertenço a mim mesmo,2 mas ao meu fiel Salvador, Jesus Cristo,3 que, ao preço do seu próprio sangue, pagou4 totalmente por todos os meus pecados e me libertou completamente do domínio do pecado.5 Ele me protege tão bem6 que, contra a vontade de meu Pai do céu, não perderei nem um fio de cabelo.7 Na verdade, tudo coopera para meu bem e o seu propósito é para a minha salvação.8 Portanto, pelo seu Espírito Santo ele também me garante a vida eterna9 e me torna disposto a viver para ele daqui em diante, de todo o coração.10
Primeiro: como são grandes meus pecados e minha miséria.1 Segundo: como sou salvo de meus pecados e de minha miséria.2 Terceiro: como devo ser grato a Deus por tal salvação.3
Pela Lei de Deus.1
Cristo nos ensina isso, em um resumo, em Mateus 22:37–40: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas”
.1
Não, não posso,1 porque por natureza sou inclinado a odiar a Deus e o meu próximo.2
Não, Deus criou o homem bom1 e à sua imagem,2 isto é, em verdadeira justiça e santidade para conhecer corretamente a Deus, seu Criador, amá-Lo de todo o coração e viver com Ele em eterna felicidade, para louvá-Lo e glorificá-Lo.3
Da queda e desobediência de nossos primeiros pais, Adão e Eva, no paraíso.1 Ali, nossa natureza tornou-se tão envenenada, que todos nós somos concebidos em pecado e nascemos nele.2
Somos sim,1 se não nascermos de novo pelo Espírito de Deus.2
Não, pois Deus criou o homem de tal maneira que este pudesse cumprir a lei.1 O homem, porém, instigado pelo diabo e por sua própria rebeldia, privou a si mesmo e a todos os seus descendentes desses dons.2
Não, não deixa, porque ele se ira terrivelmente tanto contra os pecados em que nascemos como contra os que cometemos, e quer castigá-los por justo julgamento, agora, nesta vida, e na futura.1
Ele mesmo declarou: Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas no livro da lei, para praticá-las
(Gl 3:10).2
Deus, na verdade, é misericordioso,1 mas também é justo.2 Por isso, sua justiça exige que o pecado cometido contra a sua suprema majestade seja castigado também com a pena máxima, quer dizer, com o castigo eterno, em corpo e alma.3
Deus quer que sua justiça seja cumprida.1 Por isso, nós mesmos devemos satisfazer essa justiça, ou uma outra pessoa por nós.2
De maneira alguma. Pelo contrário, aumentamos a cada dia a nossa dívida com Deus.1
Não, não pode. Primeiro: porque Deus não quer castigar uma outra criatura pela dívida do homem.1 Segundo: porque tal criatura não poderia suportar o peso da ira eterna de Deus contra o pecado e dela livrar outros.2
O mediador deve ser um homem verdadeiro1 e justo,2 contudo, mais poderoso que todas as criaturas; portanto, alguém que é, ao mesmo tempo, verdadeiro Deus.3
Deve ser verdadeiro homem porque a justiça de Deus exige que o homem pague o pecado do homem.1
Deve ser justo porque alguém que tem seus próprios pecados não pode pagar por outros.2
Porque somente sendo verdadeiro Deus1 ele pode suportar,2 como homem, o peso da ira3 de Deus, conquistar e restituir para nós a justiça e a vida.4
Nosso Senhor Jesus Cristo,4 que nos foi dado graciosamente para completa salvação e justiça.5
Pelo santo evangelho que o próprio Deus, de início, revelou no paraíso.1 Depois mandou, anunciá-lo pelos santos patriarcas2 e profetas,3 e o prefigurou por meio dos sacrifícios e das outras cerimônias do Antigo Testamento.4
Finalmente o cumpriu por seu único Filho.5
Não.1 Somente aqueles que, pela verdadeira fé, são unidos a Cristo e aceitam todos os seus benefícios.2
A verdadeira fé é o conhecimento e a certeza de que é verdade tudo o que Deus nos revelou em sua Palavra.1 É também a plena confiança2 de que Deus concedeu, por pura graça, não só a outros, mas também a mim, a remissão dos pecados, a justiça eterna e a salvação,3 somente pelos méritos de Cristo.4
O Espírito Santo5 opera esta fé em meu coração, por meio do evangelho.6
Em tudo o que nos é prometido no evangelho. O Credo Apostólico, a confissão da nossa fé cristão, universal e indubitável, apresenta um resumo disso.1
Em três partes. A primeira trata de Deus Pai e da nossa criação. A segunda de Deus Filho e da nossa salvação. A terceira de Deus Espírito Santo e da nossa santificação.
Porque Deus se revelou, em sua Palavra, de tal maneira que estas três Pessoas distintas são o único, verdadeiro e eterno Deus.2
Creio que o eterno Pai de nosso Senhor Jesus Cristo criou, do nada, o céu, a terra e tudo o que neles há1 e ainda os sustenta e governa por seu eterno conselho e providência.2 Ele é também meu Deus e meu Pai, por causa de seu Filho Cristo.3 NEle confio de tal maneira, que não duvido que dará tudo o que for necessário para meu corpo e minha alma4; e que Ele transformará em bem todo mal que me enviar, nesta vida conturbada.5 Tudo isto Ele pode fazer como Deus todo-poderoso6 e quer fazer como Pai fiel.7
É a força Todo-Poderoso e presente,1 com que Deus, pela sua mão, sustenta e governa o céu, a terra e todas as criaturas.2 Assim, ervas e plantas, chuva e seca,3 anos frutíferos e infrutíferos, comida e bebida, saúde e doença, riqueza e pobreza e todas as coisas4 não nos sobrevêm por acaso, mas de sua mão paternal.5
Para que tenhamos paciência1 em toda adversidade e mostremos gratidão2 em toda prosperidade e para que, quanto ao futuro, tenhamos a firme confiança em nosso fiel Deus e Pai, de que criatura alguma nos pode separar do amor dEle.3 Porque todas as criaturas estão na mão de Deus, de tal maneira que sem a vontade dEle não podem agir nem se mover.4
Porque Ele nos salva de todos os nossos pecados1 e porque, em ninguém mais, devemos buscar ou podemos encontrar salvação.2
Não, não crêem, pois na prática negam o único Salvador Jesus, ainda que falem tanto dEle.1 Pois das duas, uma: ou Jesus não é o perfeito Salvador, ou aqueles que O aceitam como Salvador com verdadeira fé, encontram nEle tudo o que é necessário para a salvação.2
Porque Ele foi ordenado por Deus Pai e ungido1 com o Espírito Santo para ser nosso supremo Profeta e Mestre, nosso único Sumo Sacerdote e nosso eterno Rei.
Como Profeta Ele nos revelou plenamente o plano de Deus para nossa salvaçao2; como Sumo Sacerdote Ele nos resgatou pelo único sacrifício de seu corpo3 e, continuamente, intercede por nós junto ao Pai4; como Rei Ele nos governa por sua Palavra e Espírito e nos protege e guarda na salvação5 que Ele conquistou para nós.
Porque pela fé sou membro de Cristo e, por isso, também sou ungido2 para ser profeta, sacerdote e rei. Como profeta confesso o nome dEle3; Como sacerdote ofereço minha vida a Ele como sacrifício vivo de gratidão4; e como rei combato,5 nesta vida, o pecado e o diabo, de livre consciência, e depois, na vida eterna, vou reinar com Ele sobre todas as criaturas.6
Porque só Cristo é, por natureza, o Filho eterno de Deus.1 Nós, porém, somos filhos adotivos de Deus,2 pela graça, por causa de Cristo.
Porque Ele nos comprou e resgatou, corpo e alma, dos nossos pecados e de todo o domínio do diabo, não com ouro ou prata, mas com seu precioso sangue. Assim pertencemos a Ele.1
Entendo que o eterno Filho de Deus, que é e permanece verdadeiro e eterno Deus,1 tornou-se verdadeiro homem,2 da carne e do sangue da virgem Maria,3 por obra do Espírito Santo. Assim Ele é, de fato, o descendente de Davi4 igual a seus irmãos em tudo, mas sem pecado.5
Que Ele é nosso Mediador1 e com sua inocência e perfeita santidade, cobre diante de Deus meu pecado2 no qual fui concebido e nascido.
Que Cristo, em corpo e alma, durante toda a sua vida na terra, mas principalmente no final, suportou a ira de Deus contra os pecados de todo o gênero humano.1 Por este sofrimento, como o único sacrifício propiciatório,2 Ele salvou, da condenação eterna de Deus, nosso corpo e alma3 e conquistou para nós a graça de Deus, a justiça e a vida eterna.4
Cristo, embora julgado inocente, foi condenado pelo juiz oficial,1 para que nos libertasse do severo juízo de Deus que devia cair sobre nós.2
Tem sim, porque pela crucificação tenho certeza de que Ele tomou sobre si1 a maldição que pesava sobre mim. Pois a morte da cruz era maldita por Deus.2
Porque a justiça e a verdade de Deus1 exigiam a morte do Filho de Deus; não houve outro meio de pagar nossos pecados.2
Para dar testemunho de que estava realmente morto.1
Nossa morte não é para pagar nossos pecados,1 mas somente significa que morremos para o pecado e que passamos para a vida eterna.2
Pelo poder de Cristo, nosso velho homem é crucificado, morto e sepultado com Ele,1 para que os maus desejos da carne não mais nos dominem,2 mas que nos ofereçamos a Ele, como sacrifício de gratidão.3
Porque meu Senhor Jesus Cristo sofreu, principalmente na cruz inexprimíveis angústias, dores e terrores.1 Por isso, até nas minhas mais duras tentações, tenho a certeza de que Ele me libertou da angústia e do tormento do inferno.2
Primeiro: pela ressurreição, Ele venceu a morte, para que nós pudéssemos participar da justiça, que Ele conquistou por sua morte.1 Segundo: nos também, por seu poder, somos ressuscitados para a nova vida.2 Terceiro: a ressurreição de Cristo é uma garantia de nossa ressurreição em glória.3
Que Cristo, à vista de seus discípulos, foi elevado da terra ao céu1 e lá esta para nosso bem,2 até que volte para julgar os vivos e os mortos.3
Cristo é verdadeiro homem e verdadeiro Deus. Segundo sua natureza humana não está agora na terra,2 mas segundo sua divindade, majestade, graça e Espirito jamais se afasta de nós.3
De maneira nenhuma; a natureza divina de Cristo não pode ser limitada e está presente em todo lugaPor isso, podemos concluir que a natureza divina dEle está na sua natureza humana e permanece pessoalmente unida a ela, embora também esteja fora dela.2
Primeiro: Ele é, no céu, nosso Advogado junto a seu Pai.1 Segundo: em Cristo temos nossa carne no céu, como garantia segura de que Ele, como nosso Cabeça, também nos levará para si, como seus membros.2 Terceiro: Ele nos envia seu Espírito, como garantia,3 pelo poder do Espírito buscamos as coisas que são do alto, onde Cristo está sentado a direita de Deus, e não as coisas que são da terra.4
Porque Cristo subiu ao céu para mani festar-se, lá mesmo, como o Cabeça de sua igreja cristã1 e para governar tudo em nome de seu Pai.2
Primeiro: por seu Espírito Santo, Ele derrama sobre nós, seus membros, os dons celestiais.1 Segundo: Ele nos defende e protege, por seu poder, contra todos os inimigos.2
Que, em toda miséria e perseguição, espero, de cabeça erguida, o Juiz que vem do céu, a saber: o Cristo que antes se apresentou em meu lugar ao tribunal de Deus e tirou de mim toda a maldição.1
Ele lançará, na condenação eterna, todos os seus e meus inimigos,2 mas Ele me levará para si mesmo, com todos os eleitos na alegria e glória celestiais.3
Primeiro: creio que Ele é verdadeiro e eterno Deus com o Pai e o Filho.1 Segundo: que Ele foi dado também a mim.2 Por uma verdadeira fé, Ele me torna participante de Cristo e de todos os seus benefícios.3 Ele me fortalece4 e fica comigo para sempre.5
Creio que o Filho de Deus1 reúne, protege e conserva,2 dentre todo o gênero humano,3 sua comunidade4 eleita para a vida eterna.5 Isto Ele fez por seu Espírito e sua Palavra,6 na unidade da verdadeira fe,7 desde o princípio do mundo até o fim.8 Creio que sou membro vivo9 dessa igreja, agora e para sempre10).
Primeiro: entendo que todos os crentes, juntos e cada um por si, têm, como membros, comunhão com Cristo, o Senhor, e todos os seus ricos dons.1 Segundo: que todos devem sentir-se obrigados a usar seus dons com vontade e alegria para o bem dos outros membros.2
Creio que Deus, por causa da satisfação em Cristo, jamais quer lembrar-se de meus pecados1 e de minha natureza pecaminosa,2 que devo combater durante toda a minha vida. Mas Ele me dá a justiça de Cristo,3 pela graça, e assim nunca mais serei condenado por Deus.4
Meu consolo é que depois desta vida minha alma será imediatamente elevada para Cristo, seu Cabeça.1 E que também esta minha carne, ressuscitada pelo poder de Cristo, será unida novamente à minha alma e se tornará semelhante ao corpo glorioso de Cristo.2
Meu consolo é que, como já percebo no meu coração o início da alegria eterna,1 depois desta vida terei a salvação perfeita. Esta salvação nenhum olho jamais viu, nenhum ouvido ouviu e jamais surgiu no coração de alguém. Então louvarei a Deus eternamente.2
O proveito é que sou justo perante Deus, em Cristo, e herdeiro da vida eterna.1
Somente por verdadeira fé em Jesus Cristo.1 Mesmo que minha consciência me acuse de ter pecado gravemente contra todos os mandamentos de Deus, e de não ter guardado nenhum deles, e de ser ainda inclinado a todo mal,2 todavia Deus me dá, sem nenhum mérito meu, por pura graça,3 a perfeita satisfação, a justiça e a santidade de Cristo.4 Deus me trata5 como se eu nunca tivesse cometido pecado algum ou jamais tivesse sido pecador; e, como se pessoalmente eu tivesse cumprido toda a obediência que Cristo cumpriu por mim.6 Este benefício é meu somente se eu o aceitar por fé, de todo o coração.7
Eu o digo não porque sou agradável a Deus graças ao valor da minha fé, mas porque somente a satisfação por Cristo e a justiça e santidade dEle me justificam perante Deus.1 Somente pela fé posso aceitar e possuir esta justificação.2
Porque a justiça que pode subsistir perante o juízo de Deus deve ser absolutamente perfeita e completamente conforme a lei de Deus.1 Entretanto, nesta vida, todas as nossas obras, até as melhores, são imperfeitas e manchadas por pecados.2
Essa recompensa não nos é dada por mérito, mas por graça.1
Não, pois é impossível que aqueles que estão implantados em Cristo, por verdadeira fé, deixem de produzir frutos de gratidão.1
Vem do Espírito Santo1 que a produz em nossos corações pela pregação do Evangelho,2 e a fortalece pelo uso dos sacramentos.3
São visíveis e santos sinais e selos. Deus os instituiu para nos fazer compreender melhor e para garantir a promessa do Evangelho, pelo uso deles. Essa promessa é que Deus nos dá, de graça, o perdão dos pecados e a vida eterna, por causa do único sacrifício de Cristo na cruz.1
Sim, pois o Espírito Santo ensina no Evangelho e confirma pelos sacramentos que toda a nossa salvação está baseada no único sacrifício de Cristo na cruz.
Dois: o santo batismo e a santa ceia.
Cristo instituiu essa lavagem com água1 e acrescentou a promessa de lavar, com seu sangue e Espírito, a impureza da minha alma (isto é, todos os meus pecados)2 tão certo como por fora fico limpo com a água que tira a sujeira do corpo.
Significa receber perdão dos pecados, pela graça de Deus, por causa do sangue de Cristo, que Ele derramou por nós, em seu sacrifício na cruz.1 Significa também ser renovado pelo Espírito Santo e santificado para ser membro de Cristo. Assim morremos mais e mais para o pecado e levamos uma vida santa e irrepreensível.2
Na instituição do batismo, onde Ele diz: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Mateus 28:19). “Quem crer e for batizado será salvo; quem, porem, não crer será condenado” (Marcos 16:16). Esta promessa se repete também onde a Escritura chama o batismo de “lavagem da regeneração” (Tito 3:5) e de “purificação dos pecados” (Atos 22:16).
Não,1 pois somente o sangue de Jesus Cristo e o Espírito Santo nos purificam de todos os pecados.2
É por motivo muito sério que Deus fala assim. Ele nos quer ensinar que nossos pecados são tirados pelo sangue e Espírito de Cristo assim como a sujeira do corpo é tirada por água.1 E, ainda mais, Ele nos quer assegurar por este divino sinal e garantia que somos lavados espiritualmente dos nossos pecados tão realmente como nosso corpo fica limpo com água.2
Devem, sim, porque tanto as crianças como os adultos pertencem à aliança de Deus e à sua igreja.1 Também a elas como aos adultos são prometidos, no sangue de Cristo, a salvação do pecado e o Espírito Santo que produz a fé.2
Por isso, as crianças, pelo batismo como sinal da aliança, devem ser incorporadas à igreja cristã e distinguidas dos filhos dos incrédulos.3 Na época do Antigo Testamento se fazia isto pela circuncisão.4 No Novo Testamento foi instituído o batismo, no lugar da circuncisão.5
Da seguinte maneira: Cristo me mandou, assim como a todos os fiéis, comer do pão partido e beber do cálice, em sua memória. E Ele acrescentou esta promessa: Primeiro, que, por mim, seu corpo foi sacrificado na cruz e que, por mim, seu sangue foi derramado, tão certo como vejo com meus olhos que o pão do Senhor é partido para mim e o cálice me é dado. Segundo, que Ele mesmo alimenta e sacia minha alma para a vida eterna com seu corpo crucificado e seu sangue derramado, tão certo como recebo da mão do ministro e tomo com minha boca o pão e o cálice do SenhoEles são sinais seguros do corpo e do sangue de Cristo.1
Significa aceitar com verdadeira fé todo o sofrimento e morte de Cristo e assim receber o perdão dos pecados e a vida eterna.1 Significa também ser unido cada vez mais ao santo corpo de Cristo,2 pelo Espírito Santo que habita tanto nEle como em nós. Assim somos carne de sua carne e osso de seus ossos3 mesmo que Cristo esteja no céu4 e nós na terra; e vivemos eternamente e somos governados por um só Espírito, como os membros do nosso corpo o são por uma só alma.5
Nas palavras da instituição da ceia, que são:1 “O Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; e, tendo dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu corpo que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. Por semelhante modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim. Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha” (1Coríntios 11:23–26). O apóstolo Paulo já se tinha referido a esta promessa, dizendo: “Porventura o cálice da bênção que abençoamos, não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos, não é a comunhão do corpo de Cristo? Porque nós, embora muitos, somos unicamente um pão, um só corpo; porque todos participamos do único pão” (1Coríntios 10:16,17).
Não.1 Neste ponto há igualdade entre o batismo e a ceia. A água do batismo não se transforma no sangue de Cristo, nem tira os pecados. Ela é somente um sinal divino e uma garantia disto.2 Igualmente o pão da santa ceia não se transforma no próprio corpo de Cristo,3 mesmo que seja chamado “corpo de Cristo”, conforme a natureza e o uso dos sacramentos.4
É por motivo muito sério que Cristo fala assim. Ele nos quer ensinar que seu corpo crucificado e seu sangue derramado são o verdadeiro alimento e bebida de nossas almas para a vida eterna, assim como pão e vinho mantêm a vida temporária.1 E, ainda mais, Ele nos quer assegurar por estes visíveis sinais e garantias,primeiro: que participamos de seu corpo e sangue, pela obra do Espírito Santo, tão realmente como recebemos com nossa própria boca estes santos sinais, em memória dEle2;e segundo: que todo o seu sofrimento e obediência são nossos, tão certo, como se nós mesmos tivéssemos sofrido e pago por nossos pecados.
A ceia do Senhor nos testemunha que temos completo perdão de todos os nossos pecados, pelo único sacrifício de Jesus Cristo, que Ele mesmo, uma única vez, realizou na cruz1; e também que, pelo Espírito Santo, somos incorporados a Cristo, que agora, com seu verdadeiro corpo, não está na terra mas no céu, à direita do Pai3 e lá quer ser adorado por nós.4 A missa, porem, ensina que Cristo deve ser sacrificado todo dia, pelos sacerdotes na missa, em favor dos vivos e dos mortos, e que estes, sem a missa, não tem perdão dos pecados pelo sofrimento de Cristo; e também, que Cristo está corporalmente presente sob a forma de pão e vinho e, por isso, neles deve ser adorado. A missa, então, no fundo, não é outra coisa senão a negação do único sacrifício e sofrimento de Cristo e uma idolatria abominável.5
Aqueles que se aborrecem de si mesmos por causa dos seus pecados, mas confiam que estes lhes foram perdoados por amor de Cristo e que, também, as demais fraquezas são cobertas por seu sofrimento e sua morte; e que desejam, cada vez mais, fortalecer a fé e corrigir-se na vida. Mas os pecadores impenitentes e os hipócritas comem e bebem para sua própria condenação.1
Não, porque assim é profanada a aliança de Deus e é provocada sua ira sobre toda a congregação.1 Por isso, a igreja cristã tem a obrigação, conforme o mandamento de Cristo e de seus apóstolos, de excluir tais pessoas, pelas chaves do reino dos céus, até que demonstrem arrependimento.
A pregação do santo Evangelho e a disciplina cristã. É por estes dois meios que o reino dos céus se abre para aqueles que crêem e se fecha para aqueles que não crêem.1
Conforme o mandamento de Cristo, se proclama e testifica aos crentes, a todos juntos e a cada um deles, que todos os seus pecados realmente lhes são perdoados por Deus, pelo mérito de Cristo, sempre que aceitam a promessa do Evangelho com verdadeira fé. Mas a todos os incrédulos e hipócritas se proclama e testifica que a ira de Deus e a condenação permanecem sobre eles, enquanto não se converterem.1 Segundo este testemunho do Evangelho Deus julgará todos, nesta vida e na futura.
Conforme o mandamento de Cristo, aqueles que, com o nome de cristãos, se comportam na doutrina ou na vida como não-cristãos, são fraternalmente advertidos, repetidas vezes. Se não querem abandonar seus erros ou maldades, são denunciados à igreja e aos que, pela igreja, foram ordenados para este fim. Se não dão atenção nem a admoestação destes, não são mais admitidos aos sacramentos e, assim, excluídos da congregação de Cristo, e, pelo próprio Deus, do reino de Cristo. Eles voltam a ser recebidos como membros de Cristo e da sua igreja, quando realmente prometem e demonstram verdadeiro arrependimento.1
Primeiro: porque Cristo não somente nos comprou e libertou com seu sangue, mas também nos renova, à sua imagem, por seu Espírito Santo, para que mostremos, com toda a nossa vida, que somos gratos a Deus por seus benefícios,1 e para que Ele seja louvado por nós.2 Segundo: para que, pelos frutos da fé, tenhamos a certeza de que nossa fé é verdadeira3 e para que ganhemos nosso próximo para Cristo, pela vida cristã que levamos.4
De maneira alguma, porque a Escritura diz que nenhum impuro, idólatra, adúltero, ladrão, avarento, bêbado, maldizente, assaltante ou semelhante herdará o reino de Deus.1
Duas: a morte do velho homem e o nascimento do novo homem.1
É a profunda tristeza por causa dos pecados e a vontade de odiá-los e evitá-los, cada vez mais.1
É a alegria sincera em Deus, por Cristo,1 e o forte desejo de viver conforme a vontade de Deus em todas as boas obras.2
São somente aquelas que são feitas com verdadeira fé1 conforme a lei de Deus2 e para sua glória3; não são aquelas que se baseiam em nossa própria opinião ou em tradições humanas.4
Deus falou todas estas palavras (Êxodo 20:1–17; Deuteronômio 5:6–21: “Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão.”
Primeiro mandamento: “Não terás outros deuses diante de mim.”
Segundo mandamento: “Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o Senhor teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem, e faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos.”
Terceiro mandamento: “Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão, porque o Senhor não terá por inocente o que tomar seu nome em vão.”
Quarto mandamento: “Lembra-te do dia de descanso, para o santificaSeis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhum trabalho, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o forasteiro das tuas portas para dentro; porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há, e ao sétimo dia descansou: por isso o Senhor abençoou o dia de sábado, e o santificou.”
Quinto mandamento: “Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá.”
Sexto mandamento: “Não matarás.”
Sétimo mandamento: “Não adulterarás.”
Oitavo mandamento: “Não furtarás.”
Nono mandamento: “Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.”
Décimo mandamento: “Não cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma que pertença ao teu próximo.”
Em duas partes.1 A primeira nos ensina, em quatro mandamentos, como devemos viver diante de Deus; a segunda nos ensina, em seis mandamentos, as nossas obrigações para com nosso próximo.2
Primeiro: para não perder minha salvação, devo evitar e fugir de toda idolatria,1 feitiçaria, adivinhação e superstição.2 Também não posso invocar os santos ou outras criaturas.3 Segundo: devo reconhecer devidamente o único e verdadeiro Deus,4 confiar somente nEle,5 me submeter somente a Ele6 com toda humildade7 e paciência. Devo amar,8 temer9 e honrar10 a Deus de todo o coração, e esperar todo o bem somente dEle.11 Em resumo, devo renunciar a todas as criaturas e não fazer a menor coisa contra a vontade de Deus.12
Idolatria é inventar ou ter alguma coisa em que se deposite confiança, em lugar ou ao lado do único e verdadeiro Deus, que se revelou em sua Palavra.1
Não podemos, de maneira alguma, representar Deus por imagem ou figura.1 Devemos adorá-Lo somente da maneira que Ele ordenou em sua palavra.2
Não se pode nem deve fazer nenhuma imagem de Deus. As criaturas podem ser representadas, mas Deus nos proíbe fazer ou ter imagens delas para adorá-las ou para servir a Deus por meio delas.1
Não, porque não devemos ser mais sábios do que Deus. Ele não quer ensinar a seu povo por meio de ídolos mudos,1 mas pela pregação viva de sua Palavra.2
Não devemos blasfemar ou profanar o santo nome de Deus por maldições1 ou juramentos falsos2 nem por juramentos desnecessários.3 Também não devemos tomar parte em pecados tão horríveis, ficando calados quando os ouvimos.4 Em resumo, devemos usar o santo nome de Deus somente com temor e reverencia5 a fim de que Ele, por nós, seja devidamente confessado,6 invocado7 e glorificado por todas as nossas palavras e obras.8
Claro que sim, pois não há pecado maior ou que mais provoque a ira de Deus do que blasfemar seu nome. Por isso, Ele mandava castigar este pecado com a pena da morte.1
Podemos sim, quando as autoridades o exigirem ou quando for preciso, para manter e promover a fidelidade e a verdade, para a glória de Deus e o bem-estar do próximo. Por tal juramento está baseado na Palavra de Deus1 e era praticado, com razão, pelos santos do Antigo e Novo Testamento.2
Não, porque o juramento legítimo é uma invocação a Deus, para que Ele, o único que conhece os corações, testemunhe a verdade e nos castigue, se jurarmos falsamente.1 Tal honra não pertence a criatura alguma.2
Primeiro: o ministério do Evangelho e as escolas cristãs devem ser mantidos,1 e eu devo reunir-me fielmente com o povo de Deus, especialmente no dia de descanso,2 para conhecer a palavra de Deus,3 para participar dos sacramentos,4 para invocar publicamente ao Senhor Deus5 e para praticar a caridade cristã para com os necessitados.6 Segundo: eu devo, todos os dias da minha vida, desistir das más obras, deixando o Senhor operar em mim, por seu Espírito. Assim começo nesta vida o descanso eterno.7
Devo prestar toda honra, amor e fidelidade a meu pai e a minha mãe e a todos os meus superiores; devo submeter-me à sua boa instrução e disciplina com a devida obediência,1 e também ter paciência com seus defeitos2; porque Deus nos quer governar pelas mãos deles.3
Eu não devo desonrar, odiar, ofender ou matar meu proximo,1 por mim mesmo ou através de outros. Isto não posso fazer, nem por pensamentos, palavras, ou gestos e muito menos por atos. Mas devo abandonar todo desejo de vingança,2 não fazer mal a mim mesmo ou, de propósito, colocar-me em perigo.3
Por isso as autoridades dispõem das armas para impedir homicídios.4
Não, proibindo o homicídio, Deus nos ensina que Ele detesta a raiz do homicídio, a saber: a inveja,1 o ódio,2 a ira3 e o desejo de vingança. Ele considera tudo isto homicídio.4
Não, porque Deus, condenando a inveja, o ódio e a ira, manda que amemos nosso próximo como a nós mesmos1 e mostremos paciência, paz, mansidão, misericórdia e gentileza para com ele.2 Devemos evitar seu prejuízo, tanto quanto possível,3 e fazer bem até aos nossos inimigos.4
Toda impureza sexual é amaldiçoada por Deus.1 Por isso, devemos detestá-la profundamente e viver de maneira pura e disciplinada,2 sejamos casados ou solteiros.3
Não, pois como nosso corpo e nossa alma são o templo do Espírito Santo, Deus quer que os conservemos puros e santos.1 Por isso, Ele proíbe todos os atos, gestos, palavras,2 pensamentos e desejos3 impuros e tudo o que possa atrair o homem para tais pecados.4
Deus não somente proíbe o furto1 e o roubo2 que as autoridades castigam, mas também classifica como roubo todos os maus propósitos e as práticas maliciosas, através dos quais tentamos nos apropriar dos bens do próximo,3 seja por força, seja por aparência de direito, a saber: falsificação de peso, de medida, de mercadoria e de moeda,4 seja por juros exorbitantes ou por qualquer outro meio, proibido por Deus.5 Também proíbe toda avareza6 bem como todo abuso e desperdício de suas dádivas.7
Devo promover tanto quanto possível, o bem do meu próximo e tratá-lo como quero que outros me tratem.1 Além disto, devo fazer fielmente meu trabalho para que possa ajudar ao necessitado.2
Jamais posso dar falso testemunho contra meu próximo,1 nem torcer suas palavras2 ou ser mexeriqueiro ou caluniador.3 Também não posso ajudar a condenar alguém levianamente, sem o ter ouvido.4 Mas devo evitar toda mentira e engano, obras próprias do diabo,5 para Deus não ficar aborrecido comigo.6 Em julgamentos e em qualquer outra ocasião, devo amar a verdade, falar a verdade e confessá-la francamente.7 Também devo defender e promover, tanto quanto puder, a honra e a boa reputação de meu próximo.8
Jamais pode surgir em nosso coração o menor desejo ou pensamento contra qualquer mandamento de Deus. Pelo contrário, devemos sempre, de todo o coração odiar todos os pecados e amar toda justiça.1
Não, não podem, porque nesta vida até os mais santos deles apenas começam a guardar os mandamentos.1 Entretanto, começam, com sério propósito, a viver não somente conforme alguns, mas conforme todos os mandamentos de Deus.2
Primeiro: para que, durante toda a vida, conheçamos cada vez melhor nossa natureza pecaminosa1 e, por isso, ainda mais desejemos buscar, em Cristo, o perdão dos pecados e a justiça.2 Segundo: para que sempre sejamos zelosos e oremos a Deus pela graça do Espírito Santo, a fim de que sejamos cada vez mais renovados segundo a imagem de Deus até que, depois desta vida, alcancemos o objetivo, a saber: a perfeição.3
Porque a oração é a parte principal da gratidão, que Deus requer de nós.1 Além disto, Deus quer conceder sua graça e seu Espírito Santo somente aos que continuamente Lhe pedem e agradecem, de todo o coração.2
Primeiro: devemos invocar, de todo o coração,1 o único e verdadeiro Deus, que se revelou a nós em sua palavra,2 e orar por tudo o que Ele nos ordenou pedir.3 Segundo: devemos muito bem conhecer nossa necessidade e miséria,4 a fim de nos humilharmos perante sua majestade.5 Terceiro: devemos ter a plena certeza6 de que Deus, apesar de nossa indignidade, quer atender à nossa oração,7 por causa de Cristo, como Ele prometeu em sua Palavra.8
Tudo o que é necessário ao nosso corpo e a nossa alma,1 como Cristo, o Senhor, o resumiu na oração que Ele mesmo nos ensinou.
“Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome;venha o teu reino,faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu;o pão nosso de cada dia dá-nos hoje;e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores;e não nos deixes cair em tentação, mas livra nos do mal; pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém” (Mt 6:9–13; Lc 11:2–4).
Porque Cristo quer despertar em nós, logo no início como base da oração, respeito e confiança, como uma criança para com Deus. Pois Deus se tornou nosso Pai, por Cristo. E muito menos do que nossos pais nos recusam bens materiais, Ele nos recusará o que Lhe pedirmos com verdadeira fé.1
Porque assim Cristo nos ensina a não ter idéia terrena da majestade celestial de Deus1 e a esperar, da onipotência dEle, tudo o que é necessário ao nosso corpo e a nossa alma.2
“Santificado seja o teu nome.” Quer dizer: Faze primeiro, com que Te conheçamos em verdade1 e Te santifiquemos, honremos e glorifiquemos em todas as tuas obras,2 em que brilham tua onipotência, sabedoria, bondade, justiça, misericórdia e verdade. Faze, também, com que dirijamos toda a nossa vida -nossos pensamentos, palavras e obras- de tal maneira que teu nome não seja blasfemado por nossa causa, mas honrado e glorificado.3
“Venha o teu reino.” Quer dizer: Governa-nos por tua palavra e por teu Espírito, de tal maneira que, cada vez mais, nos submetamos a Ti1;conserve e aumenta tua igreja2;destrói as obras do diabo, e todo poder que se levanta contra Ti, e todos os maus planos que são inventados contra tua santa Palavra3;até que venha a plenitude de teu reino,4 em que Tu serás tudo em todos.5
“Faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu.” Quer dizer: Faze com que nós e todos os homens renunciemos à nossa própria vontade1 e obedeçamos, sem protestos, à tua vontade,2 a única que é boa, para que cada um, assim, cumpra sua tarefa e vocação,3 tão pronta e fielmente como os anjos no céu.4
“O pão nosso de cada dia dá-nos hoje.” Quer dizer: Cuida de nós com tudo o que for necessário ao nosso corpo,1 para que reconheçamos que Tu és a única fonte de todo o bem2 e que, sem tua bênção, nem nosso cuidado e trabalho, nem teus dons nos são úteis.3 Faze também com que, por isso, não mais depositemos nossa confiança em qualquer criatura, mas somente em Ti.4
“E perdoa-nos as nossas dividas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores.” Quer dizer: Por causa do sangue de Cristo, não cobres de nós, miseráveis pecadores que somos, nossas transgressões nem o mal que ainda há em nós,1 assim como tua graça em nós fez com que tenhamos o firme propósito de perdoar nosso próximo, de todo o coração.2
“E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal.” Quer dizer: Somos tão fracos que, por nós mesmos, não podemos subsistir por um só momento1; além disto, nossos inimigos declarados: o diabo,2 o mundo3 e nossa própria carne4 nos tentam continuamente. Por isso, Te pedimos: sustenta-nos e fortalece-nos, pelo poder de teu Espírito Santo, a fim de que neste combate espiritual não sejamos derrotados,5 mas possamos fortemente resistir, até que finalmente alcancemos a vitória total.6
“Pois teu é o reino, o poder e a glória, para sempre.” Quer dizer: Tudo isso Te pedimos, porque Tu queres e podes dar-nos todo o bem, pois és nosso Rei e tudo está em teu poder.1 Pedimos-Te isso também, para que não o nosso, mas teu santo nome seja eternamente glorificado.2
Amém quer dizer: é verdadeiro e certo. Pois Deus atende à minha oração com muito mais certeza do que o desejo que eu sinto, no coração, de ser ouvido por Ele.1