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Sobre a IRO

As origens de nossa igreja

Símbolo da Igreja Reformada Ortodoxa

Este artigo é uma continuação dos textos escritos pelo irmão Enzo Fontes, nos quais ele aborda nossa liturgia e algumas características de nossa igreja.

Gostaria, neste texto, de abordar a origem da IRO e contar um pouco de nossa história.

Dessa forma, os leitores poderão obter mais informações sobre a Igreja Reformada Ortodoxa e compreender melhor como as origens da nossa igreja se entrelaçam com a doutrina que confessamos, o culto que praticamos e o modo como vivenciamos a comunhão entre nós.

Nossa Fé

Catecismo de Heidelberg – Wikipédia, a enciclopédia livre
Catecismo de Heildelberg

A IRO é uma Igreja reformada! Esta afirmação parece óbvia, não é verdade? Porém, é necessária não só para contar um pouco de nosso percurso, mas para deixar claro que não transigimos de nossas convicções, que estão fundamentadas na Palavra Infalível de Deus.

O que é uma Igreja reformada? Em primeiro lugar, é uma igreja que reivindica a herança doutrinária da Reforma Protestante do século XVI e encontra na teologia do reformador francês João Calvino uma sistematização correta da Palavra de Deus.

Esta relação com a teologia da Reforma e, em particular, com a teologia de Calvino não é completa se não for integral, isto é, se não abarcar a totalidade dessas teologias.

O que isso significa? Entendemos que uma igreja, para se definir como reformada, deve não somente ter uma Soteriologia (doutrina da salvação) reformada ou um discurso em defesa de um evangelho sem máculas – que, embora sejam importantes, sozinhos não são suficientes para caracterizarem uma igreja reformada. Isso porque a igreja deve abraçar a teologia reformada como um todo, o que significa compreender tudo sob o crivo da bíblia: desde a doutrina da Salvação (os famosos 5 pontos do Calvinismo) até a liturgia, incluindo também nossa vida pessoal e pública.

Nossa União

Foi esta visão do evangelho e da igreja que nos uniu desde o começo da IRO! E ainda nos mantém unidos em torno da figura soberana de Cristo.

Quando nascemos, e não faz muito tempo (era o ano de 2015), ardia em nossos corações e mentes o desejo de fundar uma igreja, que não só fosse ortodoxa doutrinariamente, mas fosse uma manifestação atual da igreja primitiva, como relatado na Escritura:

“E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão do pão e nas orações”.

Atos 2:42

Sim, neste versículo estão contidas as mais belas, doces e vivas verdades sobre as quais a igreja de Cristo deve se erguer.

Podemos, na verdade, resumir os ensinamentos dos reformadores e da igreja primitiva acerca da igreja genuinamente bíblica neste versículo.

Perseverar na doutrina dos apóstolos, isto é, ser fiel à Bíblia, na comunhão do pão, que é a administração correta dos Sacramentos e perseverar nas orações, que é ter verdadeira comunhão com Deus, são as características inegociáveis de uma Igreja solidamente bíblica.

Um aviso necessário

Sim, nós somos uma Igreja Reformada! Mas não somos prisioneiros da tradição, como se esta assegurasse a verdade absoluta!

Sim, nós reivindicamos a herança da Reforma e da teologia de Calvino, mas não idolatramos nem uma e nem outra!

Sim, somos uma igreja confessional! Subscrevemos três das Confissões de Fé Reformadas: Confissão Belga, Catecismo de Heidelberg e os Cânones de Dort. Cremos que nelas estão resumidas verdades bíblicas orientadoras, mas não as tratamos como infalíveis ou atemporais, elas são balizas, resumos sistemáticos de nossa fé, dignos de veracidade, porém, não são inspiradas e inerrantes. Tais características se aplicam tão somente a inefável Palavra de Deus!

O passado teológico de nossos membros

Muitos dos irmãos da nossa igreja vieram de experiências pentecostais, e no decorrer da vida espiritual conheceram a teologia reformada, que lhes abriu os olhos para verdades até então desconhecidas ou negadas.

Certamente, despertar para as doutrinas da graça soberana é uma ação do Espírito Santo e não fruto de nossa própria capacidade, na medida em que elas nos colocam no devido lugar diante de Deus: pecadores necessitados de Sua graça salvadora.

E isto afronta e ofende o ego do homem autonomista.

Outros, contudo, vieram de tradições do protestantismo reformado, insatisfeitos com os rumos doutrinários e litúrgicos dessas tais tradições.

Todavia, não importa muito a origem de cada um de nós, importa, na verdade, onde estamos hoje!

E aqui fica uma reflexão: um cristão que reivindica das doutrinas da Graça soberana deve desejar ser membro de uma igreja reformada, pois, desse modo, mostrará que compreendeu que a teologia reformada é integral e capaz de constituir-se num sistema de mundo.